quarta-feira, 24 de julho de 2013

Resenha: "O Oceano no Fim do Caminho"

"The Ocean at the End of the Lane"

Neil Gaiman

Editora Intrínseca

202 páginas

#Livro Independente

[Renata Pettengill]


- Sinopse -
Foi há quarenta anos, agora ele lembra muito bem. Quando os tempos ficaram difíceis e os pais decidiram que o quarto do alto da escada, que antes era dele, passaria a receber hóspedes. Ele só tinha sete anos. Um dos inquilinos foi o minerador de opala. O homem que certa noite roubou o carro da família e, ali dentro, parado num caminho deserto, cometeu suicídio. O homem cujo ato desesperado despertou forças que jamais deveriam ter sido perturbadas. Forças que não são deste mundo. Um horror primordial, sem controle, que foi libertado e passou a tomar os sonhos e a realidade das pessoas, inclusive os do menino. Ele sabia que os adultos não conseguiriam - e não deveriam - compreender os eventos que se desdobravam tão perto de casa. Sua família, ingenuamente envolvida e usada na batalha, estava em perigo, e somente o menino era capaz de perceber isso. A responsabilidade inescapável de defender seus entes queridos fez com que ele recorresse à única salvação possível - as três mulheres que moravam no fim do caminho. O lugar onde ele viu seu primeiro oceano.

- A Primeira Impressão -

Dark e misterioso, unicamente de Gaiman, com sua visão estranha sobre a fantasia e o terror. Odeio/amo/invejo este homem e como ele consegue deixar minha cabeça em transe. De primeira, apenas esta capa foi suficiente para me dar calafrios. Depois, a sinopse, que é horrível. E o pior de tudo é que o sobrenatural nem é necessário para que as esquisitas coisas narradas aconteçam.

- O Desenrolar da Estória -
A partir do primeiro capítulo já comecei a me afeiçoar com esse misfit super criativo, e depois que a coisa foi feita, é impossível parar. Não é de certo modo viciante, perceba. Incessante, natural. Cada palavra é essencial e despercebida, como respirar {sendo profundo}. 
Ao todo, no choque da primeira leitura, este livro é irregular. Algumas partes são de tirar o fôlego e criar tremedeiras, enquanto outras são tão estranhas que me deixam sem saber o que sentir a respeito. Preciso admitir que o enredo em si não é tão interessante. Mas são tantas lições infiltradas nas entrelinhas de cada pequeno acontecimento que o leitor (bem, no caso eu) fica fascinado com um imaginário tão fértil quanto este. 

- Pontos Negativos e Holofotes -
Temas como o impacto inevitável dos entes perdidos nos que ainda-não-se-foram e como seguir em frente são um dos tratados e discutidos subliminarmente nesta fábula que parece ser a princípio apenas para assustar crianças - e funcionaria tão bem quanto CoralineMortalidade, o sentido da vida e como ela é o que você faz dela - começando apenas em chamar um pequeno lago de Oceano. E, sobre tudo, inocência e amadurecimento com aquele toque de terror que todo mundo gosta.
Faz alguns dias desde que rolei os olhos pela última página, mas minha cabeça ainda continua "mergulhando" (mas não por muito tempo! não faz bem) ainda mais profundo nesta estória, presa quase por completo. 

- O Trabalho da Editora -
Como de se esperar, o material continua ótimo. A Intrínseca traz uma capa linda, emborrachada, com título em auto-relevo, papel amarelo cheirosíssimo, tradução mais-ou-menos e revisão porca.
No entanto, a devoção da editora sobre os lançamentos continua incrível. A acessibilidade do livro, seja em questões de preço ou procura, é muito boa. E decidi comprar, principalmente, porque eles não conseguiam calar a boca sobre como a estória é tocante (em um bom sentido!). É esse tipo de marketing e cuidado que as outras editoras deveriam adotar. É ele que aumenta a quantidade do símbolo cilíndrico com a bolinha em metamorfose na minha coleção - além, é claro, dos títulos bem selecionados.

- Nota -

"... eu sabia de tudo. O oceano de Lettie Hempstock fluiu dentro de mim e preencheu o universo inteiro, do Ovo à Rosa. Eu soube.
Tudo sussurrava dentro de mim. Tudo falava para tudo, e eu sabia de tudo.
Eu ficaria aqui para sempre.
- Você não pode - disse Lettie. - Ele destruiria você."




- Sobre o Autor -

Neil Richard Gaiman é um autor de romances e quadrinhos inglês. Vive em MinneapolisEstados Unidos e é casado com Amanda Palmer, da banda Dresden Dolls.
Entre suas obras em prosa estão "Deuses Americanos" e "Belas Maldições", a segunda em parceria com Terry Pratchett; e sua criação quadrinística mais conhecida é Sandman, que tem como personagens principais Sandman, a personificação antropomórfica do Sonho, também é conhecido como Morpheus, numa referência à mitologia grega e seus irmãos, Morte, Destino, Delírio, Desejo, Desespero e Destruição.
As capas da revista foram desenhadas pelo parceiro artístico e amigo de Neil Gaiman, Dave McKean (com quem trabalhou em outras histórias em quadrinhos como Violent Cases, Orquídea Negra e Mr. Punch). Em seus trabalhos cinematográficos, encontramos "Mirrormask", seu filme ao lado de Dave McKean e a Jimmy Hensons Company, estreou em Maio de 2005 nos cinemas e "Neverwhere" mini série para televisão que escreveu, e é exibido pela BBC inglesa. Em 2007, entrou em cartaz a animação Beowulf, co-roteirizada por ele, além do longa de Stardust, uma de suas mais aclamadas obras, realizada ao lado de Charles Vess.

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