"Fahrenheit 451"
Ray Bradbury
Editora Globo
196 páginas
#Livro Independente
[Cid Knipel]
- Sinopse -
A obra de Bradbury
descreve um governo totalitário, num futuro incerto mas próximo, que proíbe
qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e
se rebelar contra o status quo. Tudo
é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs
instaladas em suas casas ou em praças ao ar livre. O livro conta a história de
Guy Montag, que no início tem prazer com sua profissão de bombeiro, cuja função
nessa sociedade imune a incêndios é queimar livros e tudo que diga respeito à
leitura. Quando Montag conhece Clarisse McClellan, uma menina de dezesseis anos
que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo, ele
percebe o quanto tem sido infeliz no seu relacionamento com a esposa, Mildred.
Ele passa a se sentir incomodado com sua profissão e descontente com a
autoridade e com os cidadãos. A partir daí, o protagonista tenta mudar a
sociedade e encontrar sua felicidade.
- A Primeira Impressão -
A mensagem que o livro passa é uma simples a princípio, mas muito
efetiva e profunda. Adorei como foi mostrada ao inserida no texto e o que ela
representou para mim - passei boa parte só confirmando com a cabeça. É tão engraçadinho que se torna fofo. Estranho ao se falar de uma distopia.
- O Desenrolar da Estória -
Agora, não gostei muito de como a trama foi bolada. É bem nova e
criativa, e o autor parece valorizar apenas o essencial, o que tenha valor e
algo a dizer. Achei que o livro poderia ser mais longo, este mundo mais
desenvolvido.
Tem argumentos muito fortes de ambos os lados desta guerra-quase-que-fria,
e as citações e poemas de autores só os deixam mais válidos. Este livro fala,
acima de tudo, de censura; de influências e de pensamento próprio.
- Pontos Negativos e Holofotes -
É exatamente este o valor da mensagem - e isso que acho contraditório;
onde o autor peca. Não recite autores antigos e renomados, não siga grupos
específicos de intelectuais. Tenha sua própria voz, escreva seu próprio livro!
Afinal de contas, que diferença faz o tipo de entretenimento que
escolha, se será influenciado por um dos dois? Os livros não só apresentam
novos ensinamentos: eles te dão a capacidade de pensamento próprio (“espera aí!”,
como ele mesmo o disse). E, por mais que o protagonista mude ao decorrer do
enredo, ele ainda não se transforma em herói.
Mas espero que, por ser uma distopia, onde nem sempre a revolução dá certo,
este ponto seja proposital - mas não vou pesquisar nem procurar opiniões
alheias. Quero ter meu próprio “espere aí”.
De qualquer forma, o autor critica fortemente os tipos rasos e
passageiros de entretenimento (“alegrias violentas com fins violentos”), e
adorei seu ódio ao celebrado romano Status
Quo*. Existe algo de profundo escondido em cada linha. Uma fúria, uma força...
inapagável.
- O Trabalho da Editora -
Minha edição é uma de 10 reais
"resgatada" de um sebo, e que cheira a mangá velho. Gostei do
material no final do livro, com apêndices que não sei se pretendo ler. É
um pocket gracioso que, mesmo estando mal cuidado, pretendo
guardar como raridade.
- Nota -
* "Nos tempos antes de Cristo, havia uma ave estúpida chamada Fênix que, a cada cem anos, construía uma pira e se consumia em suas chamas. Deve ter sido prima-irmã do homem. Mas, toda vez que queimava, ressurgia das cinzas e novamente renascia. E parece que estivemos fazendo e refazendo inúmeras vezes a mesma coisa, só que com uma vantagem que a Fênix nunca teve. Nós sabemos a estupidez que acabamos de cometer. Conhecemos todas as coisas estúpidas que estivemos fazendo nos últimos mil anos. Desde que não nos esqueçamos disso, que sempre tenhamos algo para nos lembrar disso, algum dia deixaremos de construir as malditas piras funerárias e de saltar dentro delas. A cada geração, escolhemos algumas poucas pessoas que se lembrem disso."
- Sobre o Autor -
Ray Douglas
Bradbury (Waukegan, 22 de agosto de 1920 — Los Angeles, 6 de junho de 2012)
foi um escritor de contos de ficção-científica norte-americano de
ascendência sueca.
Foi o terceiro filho de Leonard e Esther Bradbury. Por causa do trabalho de seu
pai (era técnico em instalação de linhas telefônicas), viajou por muitas
cidades dos Estados Unidos, até que em 1934 sua família fixou residência em Los
Angeles, Califórnia. Morreu aos 91 anos, de causas
não divulgadas.
Bradbury é mais conhecido pelas suas
obras The Martian Chronicles (Crônicas Marcianas) (1950) e Fahrenheit 451 (1953).
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