terça-feira, 22 de outubro de 2013

Resenha: "Fahrenheit 451"

"Fahrenheit 451"

Ray Bradbury

Editora Globo

196 páginas

#Livro Independente

[Cid Knipel]


- Sinopse -

A obra de Bradbury descreve um governo totalitário, num futuro incerto mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instaladas em suas casas ou em praças ao ar livre. O livro conta a história de Guy Montag, que no início tem prazer com sua profissão de bombeiro, cuja função nessa sociedade imune a incêndios é queimar livros e tudo que diga respeito à leitura. Quando Montag conhece Clarisse McClellan, uma menina de dezesseis anos que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo, ele percebe o quanto tem sido infeliz no seu relacionamento com a esposa, Mildred. Ele passa a se sentir incomodado com sua profissão e descontente com a autoridade e com os cidadãos. A partir daí, o protagonista tenta mudar a sociedade e encontrar sua felicidade.
- A Primeira Impressão -

A mensagem que o livro passa é uma simples a princípio, mas muito efetiva e profunda. Adorei como foi mostrada ao inserida no texto e o que ela representou para mim - passei boa parte só confirmando com a cabeça. É tão engraçadinho que se torna fofo. Estranho ao se falar de uma distopia.


- O Desenrolar da Estória -

Agora, não gostei muito de como a trama foi bolada. É bem nova e criativa, e o autor parece valorizar apenas o essencial, o que tenha valor e algo a dizer. Achei que o livro poderia ser mais longo, este mundo mais desenvolvido.
Tem argumentos muito fortes de ambos os lados desta guerra-quase-que-fria, e as citações e poemas de autores só os deixam mais válidos. Este livro fala, acima de tudo, de censura; de influências e de pensamento próprio.

- Pontos Negativos e Holofotes -
É exatamente este o valor da mensagem - e isso que acho contraditório; onde o autor peca. Não recite autores antigos e renomados, não siga grupos específicos de intelectuais. Tenha sua própria voz, escreva seu próprio livro!
Afinal de contas, que diferença faz o tipo de entretenimento que escolha, se será influenciado por um dos dois? Os livros não só apresentam novos ensinamentos: eles te dão a capacidade de pensamento próprio (“espera aí!”, como ele mesmo o disse). E, por mais que o protagonista mude ao decorrer do enredo, ele ainda não se transforma em herói.
Mas espero que, por ser uma distopia, onde nem sempre a revolução dá certo, este ponto seja proposital - mas não vou pesquisar nem procurar opiniões alheias. Quero ter meu próprio “espere aí”.
De qualquer forma, o autor critica fortemente os tipos rasos e passageiros de entretenimento (“alegrias violentas com fins violentos”), e adorei seu ódio ao celebrado romano Status Quo*. Existe algo de profundo escondido em cada linha. Uma fúria, uma força... inapagável.

- O Trabalho da Editora -
Minha edição é uma de 10 reais "resgatada" de um sebo, e que cheira a mangá velho. Gostei do material no final do livro, com apêndices que não sei se pretendo ler. É um pocket gracioso que, mesmo estando mal cuidado, pretendo guardar como raridade.

- Nota -
* "Nos tempos antes de Cristo, havia uma ave estúpida chamada Fênix que, a cada cem anos, construía uma pira e se consumia em suas chamas. Deve ter sido prima-irmã do homem. Mas, toda vez que queimava, ressurgia das cinzas e novamente renascia. E parece que estivemos fazendo e refazendo inúmeras vezes a mesma coisa, só que com uma vantagem que a Fênix nunca teve. Nós sabemos a estupidez que acabamos de cometer. Conhecemos todas as coisas estúpidas que estivemos fazendo nos últimos mil anos. Desde que não nos esqueçamos disso, que sempre tenhamos algo para nos lembrar disso, algum dia deixaremos de construir as malditas piras funerárias e de saltar dentro delas. A cada geração, escolhemos algumas poucas pessoas que se lembrem disso."

 
  

- Sobre o Autor -

Ray Douglas Bradbury (Waukegan, 22 de agosto de 1920  Los Angeles, 6 de junho de 2012) foi um escritor de contos de ficção-científica norte-americano de ascendência sueca. Foi o terceiro filho de Leonard e Esther Bradbury. Por causa do trabalho de seu pai (era técnico em instalação de linhas telefônicas), viajou por muitas cidades dos Estados Unidos, até que em 1934 sua família fixou residência em Los Angeles, Califórnia. Morreu aos 91 anos, de causas não divulgadas.
Bradbury é mais conhecido pelas suas obras The Martian Chronicles (Crônicas Marcianas) (1950) e Fahrenheit 451 (1953).

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